segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Seu filho tem alguma mania?


A mania é tão discutida quanto comum entre as crianças e os adultos.

Conforme o dicionário Aurélio, mania é "uma excentricidade, extravagância, esquisitice, gosto exagerado ou imoderado por alguma coisa; obcecação resultante de desejo imoderado, mau costume; hábito prejudicial; vício à síndrome mental caracterizada por exaltação eufórica do humor, excitação psíquica, hiperatividade, insônia, etc., e, em certos casos, agitação motora em grau variável, transformando-se em quadro psiquiátrico como uma das duas fases alternativas da psicose maníaco-depressiva que é uma psicopatia que se manifesta por acessos, que se alternam de excitação psíquica e de depressão psíquica.”
Quem pode afirmar não ter nenhuma mania? Todos temos uma mania “de estimação”! Quando se trata-se de mania sem a obrigação obsessiva compulsiva, então a mania é saudável, porque o obsessivo compulsivo, ao contrário, sofre quando não consegue o seu intento e a e sua doença pode chegar a um nível tal que o incapacita para o trabalho.

Por exemplo, a mania de colecionar objetos: se é um ato prazeroso, que não prejudica social e financeiramente o colecionador, tudo bem! Mas se a pessoa se torna obstinada pela idéia, e os que estão próximos começam a perceber ou sofrer por causa desta obstinação, então a mania já assume proporções patológicas.

Portadores de manias patológicas escondem na maioria das vezes, angústias, ansiedades, frustrações, experiências da vida, falta de motivações mais amplas, etc.

Quando a idéia persegue o portador da mania é preciso atenção! Resumindo... As manias consideradas normais são aquelas que as pessoas as praticam e sentem prazer, sem prejuízo para si e para outros.
Atualmente, devo dizer que, infelizmente, a internet virou mania entre muitas crianças. A internet pode ser um lazer saudável na medida certa. Também incluo aqui a televisão. Tanto um quanto outro, na minha opinião de mãe e professora, para as crianças (eu considero crianças estes seres lindo de 0 a 11 anos de idade), não deve passar de uma hora. Os sites e programas devem ser antes vistos e aprovados pelos pais ou responsáveis.
Há crianças com mania de organização, de lavar as mãos repetidas vezes, de sentar ou deitar somente em uma única posição, mania de roer as unhas, chupar o dedo... Comportamentos como estes, que passam e que os pais conseguem resolver em casa mesmo, como por exemplo colocar pimenta no dedo para tirar a mania de chupar, são simples manias ou esquisitices. Estas manias tornam-se caso de cuidado médico, quando adquirem sintomas de um distúrbio grave denominado TOC- Transtorno Obsessivo Compulsivo, também conhecido por DOC Transtorno Obsessivo Compulsivo, que é o distúrbio que exige tratamento.
O TOC-TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ou também DOC-DISTÚRBIO OBSESSIVO COMPULSIVO, é uma doença crônica, que atinge em média 2,5% da população em geral e tem seu pico de incidência na infância, principalmente entre os meninos, por volta dos 9, 10 anos. Entre as meninas, a incidência maior é no final da adolescência e início da vida adulta, mas o distúrbio pode aparecer em ambos os sexos antes ou muito depois desses limites de idade. O TOC ou DOC é o quarto transtorno psíquico mais freqüente, seguindo as dependências químicas, depressão e fobias. Seu maior problema é o desconhecimento da doença que faz com que o tempo passado entre os primeiros sintomas até a procura de ajuda médica seja, em média, de 14 anos.
Pelo desconhecimento dos adultos, atitudes obsessivas ou ações repetitivas (compulsões) costumam ser encaradas como simples manias, o que impede o diagnóstico precoce da doença.

O que acontece á criança portadora de TOC ou DOC é que a torna escrava dos próprios pensamentos (obsessões) e repetições de gestos (compulsões). Os pensamentos continuados geram angústia e ansiedade, e as ações compulsivas são uma tentativa de aliviá-las.

No caso do menino que lava as mãos várias vezes seguidas, tem por exemplo, objetivo de aliviar o incômodo trazido pelo pensamento obsessivo de se sentir sempre sujo. Só que o alívio é temporário, pois o pensamento ressurge, desencadeando novamente as compulsões.
Nas crianças, os sintomas mais comuns da doença são: ritual diário de higiene, repetitivo e exagerado como já foi dito ou as repetições de ações, como escrita, leitura, checagens compulsivas, como, por exemplo, da tarefa escolar. Ela é lida e relida inúmeras vezes para verificar se não há erros e se foi feita realmente com exatidão.

A mania de contar atinge muitas pessoas como por exemplo, as lâminas de uma persiana, assim como a simetria que pode se expressar na escrita ou na arrumação das roupas no armário, dobradas exatamente com a mesma medida, assim como livros, papéis, brinquedos por cor, sapatos na mesma posição, que organizados a todo momento, etc.
Essas manias obsessivas consomem muito tempo das pessoas, prejudicando a realização de suas atividades no dia-a-dia, o que pode ser visto pelos pais como preguiça e má vontade, comprometendo as relações familiares. Sem entender o mecanismo da doença, a própria criança se sente culpada pelos problemas que provoca, tais como irritação naqueles que convivem com as suas "esquisitices" e "manias".
Quando uma pessoa guarda bugigangas imprestáveis como por exemplo revistas velhas e não permite que ninguém as jogue fora, mesmo quando não cabem mais no espaço que possui, começa a invadir as outras localidades das casa; quando guarda dentro de uma caixa moscas como peças de coleção; quando precisa voltar mais de dez vezes para verificar se fechou bem as torneiras de água ou de gás, e se as luzes foram todas apagadas antes de sair de casa etc., o problema já deixa de ser classificado de simples mania porque o indivíduo não consegue se dominar e sofre com isso.

Esses comportamentos são transtornos obsessivos compulsivos (TOC ou DOC) um distúrbio apresentado por 2% a 3,5% das pessoas, de acordo com pesquisas desenvolvidas nos EUA.Com base neste percentual, mais de 100 milhões de pessoas no mundo inteiro sofrem de TOC ou DOC.
O que caracteriza os TOC ou DOC, é a repetição, a falta de finalidade e o fato de a pessoa não controlar o pensamento ou a ato. O TOC ou DOC tem como característica pensamentos persistentes, que geram ansiedade e desconforto (obsessões), e levam a pessoa a comportamentos indesejados e repetitivos (compulsões ou rituais).
Os TOC ou DOC são classificados em quatro padrões sintomáticos:1- Obsessão de contaminação,2- Obsessão da dúvida,3- Obsessão meramente invasiva e de temática extremamente variável;4- Obsessão de pensamento persistente,
Acredita-se que pessoas que desenvolvem TOC tenham uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao estresse. Tal reação se manifesta sob a forma de pensamentos intrusos e desagradáveis, que geram mais ansiedade e estresse, criando, por fim, um círculo vicioso do qual a pessoa não consegue sair sem ajuda.
O TOC é mais comum do que se imagina! Por muitos anos o TOC foi considerado uma doença rara por profissionais especializados em saúde mental, porque apenas pequena minoria de seus pacientes queixava-se de sintomas compatíveis com essa condição. Porém, acredita-se que muitas pessoas atormentadas pelo TOC, tentando esconder seus pensamentos e comportamentos repetitivos, não procurem ajuda, o que leva os profissionais de saúde mental a subestimar o número de pessoas com essa doença.
Entre as principais características do TOC estão os pensamentos ou impulsos não desejados que retornam repetidamente à mente da pessoa. O indivíduo é perturbado continuamente por um pensamento aflitivo como: "Minhas mãos podem estar contaminadas - preciso lavá-las"; "devo ter deixado o bico do gás aberto"; ou "vou machucar meu filho". Esses pensamentos são considerados intrusos ou parasitas e desagradáveis pela pessoa que os apresenta. Eles produzem ansiedade.
Outra característica importante do TOC é a compulsão. Para avaliar sua ansiedade, a maioria das pessoas com TOC recorre a comportamentos repetitivos. As compulsões mais comuns são a de lavar as mãos e a verificação repetitiva, como nos dois exemplos mencionados anteriormente. Outros comportamentos compulsivos incluem a contagem (geralmente enquanto a pessoa está realizando outra ação compulsiva, como lavar as mãos), e a arrumação interminável de objetos, com o intuito de manter perfeito alinhamento ou simetria entre eles.

Esses comportamentos em geral têm a intenção de proteger a própria pessoa com TOC ou outras pessoas. Normalmente são claramente estereotipados, com pequenas variações de uma ocasião para outra, sendo freqüentemente referidos como rituais. A realização desses rituais traz algum alívio da ansiedade à pessoa com TOC, mas esse alívio é apenas temporário.
Uma outra característica do TOC é o reconhecimento. As pessoas com TOC geralmente têm considerável consciência do seu problema. Na maioria das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido ou exagerados e que seus comportamentos compulsivos não são realmente necessários. Entretanto, tal conhecimento não é suficiente para libertá-las de sua doença.
Falta de controle também caracteriza o TOC. A maioria das pessoas com TOC esforça-se para se livrar dos indesejáveis pensamentos obsessivos e para evitar comportamentos compulsivos. Muitos são capazes de controlar seus sintomas obsessivo-compulsivos quando estão no trabalho ou na escola.

Porém, com o passar do tempo, a resistência pode enfraquecer e, quando isso acontece, o TOC pode se tornar tão grave que os longos rituais passam a dominar a vida da pessoa, impossibilitando-a de continuar suas atividades fora de casa.
As pessoas com TOC geralmente tentam esconder seu problema ao invés de procurar ajuda. Têm vergonha e guardam segredo de seu comportamento. Freqüentemente conseguem esconder muito bem seus sintomas obsessivo-compulsivos dos amigos e colegas de trabalho.

Uma infeliz conseqüência disso é que as pessoas com TOC só recebem ajuda profissional muitos anos após o início de sua doença. Nessa ocasião, os hábitos obsessivo-compulsivos podem estar profundamente arraigados e muito difíceis de mudar.
Só se considera que uma pessoa tenha TOC quando seus comportamentos obsessivos e compulsivos atinjam gravidade suficiente para interferir em sua vida cotidiana.

Pessoas com TOC não devem ser confundidas com um grupo muito maior de indivíduos que, às vezes, são chamados de "compulsivos", por se ater a um elevado padrão de desempenho em seu trabalho e até mesmo em atividades de lazer.

Esse tipo de "compulsão" freqüentemente serve a propósitos valiosos, contribuindo para a auto-estima do indivíduo e seu sucesso no trabalho. Nesse sentido, difere das obsessões e rituais que trazem limitação e sofrimento para a vida da pessoa com TOC.
Nas crianças, o TOC se manifesta muitas vezes com sutilidade. Os comportamentos mais comuns são piscar os olhos, encolher os ombros, passar o dedo entre os lábios e o nariz, franzir o nariz, sacudir a cabeça e contrair algum músculo. Se associados a um tique vocal, esses distúrbios caracterizam a síndrome de La Tourette, cujos portadores também podem apresentar as compulsões e os rituais do TOC ou DOC. Com o tempo, os tiques tendem a diminuir e até desaparecer. Mas os especialistas aconselham aos pais relatar aos pediatras da criança mesmo os eventos mais passageiros, que costumam resultar de alguma tensão, como a proximidade de uma prova na escola.
Seu filho tem alguma mania? Esta mania é inofensiva ou afeta a vida cotidiana da criança e da família? Conviva com seu filho! Brinquem juntos, observe, converse... Gaste tempo em prestar atenção ao comportamento em diversas ocasiões. Vale a pena este cuidado!

Bibliografia
ARICO, C. ROBERTO – Ansiedade – Revista Brás. Clín. Terap. – Vol XIV – nº1/2, 1985
SERVAN-SCHREIBER, DAVID. (2004) Curar – o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamento nem psicanálise.- São Paulo: Sá Editora.

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